Asinoterapia ou Terapia Assistida por Asininos
Pelo segundo ano consecutivo, no Agrupamento de Escolas Ruy Belo, foi desenvolvido o Projeto Asinoterapia.
A Asinoterapia ou Terapia Assistida por Asininos é uma prática que utiliza o burro como animal terapeuta, recorrendo a um conjunto de técnicas de educação e de reeducação do indivíduo de modo a desenvolver a expressividade relativa aos processos emotivos, cognitivos, relacionais e corporais que caracterizam a sua evolução global.
Considera-se que existem três componentes-chave: o terapeuta, o paciente e o animal. O burro é um animal de excelência no seu papel de co-terapeuta devido a variadas características que lhe são naturais: temperamento dócil, paciente, atento, curioso e inteligente; excelente memória; robustez física, capacidade de suportar grandes cargas; estabilidade a nível físico e emocional. Não é impulsivo, ansioso nem assustadiço, pelo contrário é atento, afetivo e proativo. Segundo estudos realizados em vários países, os benefícios da asinoterapia são múltiplos, e eficazes, no tratamento de pessoas com problemas físicos e mentais. Esta prática terapêutica adequa-se a cada criança na sua individualidade, respeitando o seu grau de desenvolvimento, as suas capacidades e dificuldades, a sua integridade e a sua segurança.
O Projeto Asinoterapia foi financiado pela Câmara Municipal de Sintra através do Programa de Apoio à Qualidade nas Escolas – PAQUE, medida 3, Linha de apoio 2. Decorreu, ao longo do ano letivo, em 18 sessões quinzenais e individualizadas, promovidas pela Quinta Pedagógica Burros do Magoito, que aconteceram às quintas-feiras, das 9:00h às 12:30h, na Escola EB1/JI de Monte Abraão e às quartas-feiras, das 12:30h às 16:00h, na Escola EB 2,3 de Ruy Belo. Neste projeto, onde se desenvolveram atividades lúdico-terapêuticas numa abordagem interdisciplinar, participaram 14 crianças: 4 do Pré-Escolar, 3 do 1.º ciclo, e 7 dos 2.º e 3.º ciclos. Os objetivos principais focaram-se na melhoria das funções neurológicas e sensoriais do utente através de posicionamentos diversos no dorso do burro que conduziram a descontração muscular, relaxação e ligação emocional ao animal. Caso as crianças não se sentissem à vontade para o fazer, não era, obviamente, obrigatório subirem para o dorso do burro. As sessões foram, previamente, planeadas pelas terapeutas de acordo com os objetivos definidos, tendo a duração de 30 minutos distribuídos em dois momentos, um primeiro de trabalho de chão e um segundo de trabalho em cima do animal. De referir que, para além do burro, a Quinta Pedagógica trouxe um pónei e um coelho. As atividades desenvolvidas foram escovar, alimentar e fazer festas aos animais, destacando-se a tarefa de subir para o dorso do burro e do pónei como a mais destemida. Estas sessões criaram, sempre, momentos de boa disposição e de bem-estar, tendo contribuído para elevar a auto-estima e a qualidade de vida das crianças envolvidas. A intervenção aconteceu no espaço de recreio das escolas, numa área sem obstáculos e vedada a outros alunos, não só para que as sessões pudessem decorrer ao longo de todo o dia sem interrupções, como por questões de segurança das crianças e dos animais.
A notória alegria e o empenho revelados pelos discentes no desenvolvimento das atividades, assim como a sua evolução ao longo das sessões, permitem concluir que os objetivos foram plenamente atingidos. Constatou-se que, ao longo do ano letivo, a terapia foi potenciadora de comunicação verbal e não-verbal, tendo permitido uma maior interação social, e favorecido um maior contacto visual e físico, quer com os animais presentes, quer com as pessoas. Destaque-se, ainda, os progressos apresentados no âmbito da autonomia, da assimilação de regras, da mudança de comportamentos e do benefício das capacidades motoras. Estas mudanças levaram a melhorias no quotidiano das crianças designadamente na relação que estabeleceram com os seus pares e, consequentemente, nas suas aprendizagens.
O Agrupamento vai apresentar, novamente, a sua candidatura ao programa de financiamento PAQUE para o próximo ano letivo, a fim de continuar a beneficiar da aplicação deste projeto que se mostrou de grande utilidade.
Professora Fátima Guerra